PÉROLAS DE BAJONE: - Ilha de Idugo

Na sequência da última divisão administrativa operada em Moçambique, no decurso de 2013, Mocubela evoluiu para um dos novos distritos criados na província da Zambézia, passando a sua área, tal como a do posto administrativo de Bajone, anteriormente afectas à Maganja da Costa, a integrar a unidade distrital emergente.

Bajone transporta o testemunho de um reino de palmares outrora esplendorosos mas, no presente, não só envelhecidos como também mergulhados em persistente e aflitiva inacção, em que apenas a resiliência ao amarelecimento letal suaviza o desencanto.

Entretanto, para refrescar mágoas, da embocadura do Raraga ao estuário do Moniga, onde Pebane já se debruça, torna-se obrigatório deambular pela desafiante orla marítima, sempre generosa a seduzir com belíssimas praias.

Então, lá para os lados de Morroa, com a cumplicidade do Índico, jura-se amores em Tapata, enreda-se a paixão no Gurai sob o aconchego dos coqueirais e, por fim, na ilha de Idugo abençoa-se o requebro na serenidade das marés.

Citações sobre a ilha de Idugo, extraídas da obra LAGAR DA MEMÓRIA, de Manuel Coutinho Nogueira Borges:

Poderia ser, num prospecto turístico, um apelo de viagens de sonho; um daqueles lugares que os nostálgicos de paragens ignoradas procuram a vida inteira; lembrava um atol a rir-se da tecnologia.

Aliviados pela chegada da manhã, levantámos a tenda e perdemo-nos no paraíso de mil almas que vivem da mandioca e de algum caju donde conseguem uma aguardente postiça que lhes amoina as horas. É uma extensão administrativa do Posto de Bajone e, para irem e virem, deslocam-se em almadias, manobradas por remos espalmados em forma de guitarra, cirandando como barquinhos de papel pela correnteza de manhas conhecidas. Respira-se uma atmosfera de comunhão, colorida e sem pecado, a que não falta, sequer, uma rudimentar escola com paredes de bambu e cobertura de macubares num impressionismo tosco.