terça-feira, dezembro 30, 2008

ALQUIMIA




De APROXIMAÇÕES A EUGÉNIO DE ANDRADE


Retrato: Álvaro Siza, 1995, tinta da china
Poema: Teresa Balté, 1999 - Alquimia (para o Eugénio)




Criam as mãos os frutos e recolhem-nos -
Pousam na terra o ovo da ternura
Regam com riso e chuva e sol e lua
Com a paixão aquecem iluminam

Irradiante o caule rasga o perímetro
Abre-se em asa tinge-se de esperança
Revela então o coração da planta
Na flor da aliança o arco-lírio

E fecunda-se o rubro em ouro de alma
Em pomo em pedra em obra em plenitude
Da semente onde o tempo se confunde
E ternamente rola e ruge e canta -

Criam as mãos os frutos e deslumbram-se
Vertendo noutras mãos o rio de chama
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domingo, novembro 30, 2008

PESCA ARTESANAL EM PEBANE




E navegando... a esta excelência humildemente dedico:


Há ondas vadias superadas
Pelo marinhar do pescador
E há inquietudes naufragadas
Nesses momentos de fulgor


César Brandão, 27.02.2006
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quinta-feira, outubro 09, 2008

MEMORIAL DE QUELIMANE: V - Renascer

Sabes... sempre te impuseste como cidade do coração e cada vez mais percorro o tempo procurando rever-te. Acredita que nem sempre é fácil o exercício. Se, sorrateiramente, a memória abusa em atraiçoar-me, também tu primas em confundir-me com diversos frutos das gestações suportadas.
Seja como for, sossega: - a afeição que, quão hábil como descarada, foste pródiga a incutir-me continua a ser fogo resistente onde todas as nossas cumplicidades mergulham, crepitando em chama viva.

Quero então segredar-te que hoje a picadela foi forte... ou não fosses também a rainha dos mosquitos!
Na verdade, deambulando pelo jardim da Câmara, de frontaria tão genuína que teima em surpreender todos, mesmo as exóticas araucárias já vocacionadas a acentuarem a inclinação, quais sentinelas rendidas, imagina que o olhar fugiu para a esquerda e zás... senti-me nos verdes anos ao captar a escola que lá permanece em solitária sobrevivência e, a ajuizar pelas crónicas, agora à mercê da devassa e da incúria.


Apesar da curta permanência, confesso que também não a enobreci devidamente face ao mérito evidenciado, admitindo mesmo que lhe terei causado algum constrangimento. É certo que aos 6 anos a ninguém se exige proezas de vulto mas, diacho... ela merecia bem mais que um gatafunhado abecedário ou uma contagem embaraçada que invariavelmente emudecia logo que citados os números dos brinquedos.
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