sexta-feira, novembro 02, 2012

CHINDE: 100 anos entre o desespero e a esperança

Para quem a vida é madrasta, cada novo amanhã é sempre a esperança de uma existência melhor. É assim que vive o Chinde. Isolada fisicamente, cercada de pesadas dificuldades e abandonada, a pequena vila da foz do Zambeze, está há décadas na espera, uma espera agoniante, perigosamente fatal, onde a própria esperança teme a morte, dada a luta titânica que trava contra as acções da Natureza e do Homem.
  • Maputo, Quinta-Feira, 13 de Setembro de 2012:: Notícias

Chinde está hoje em festa. É o seu 100º aniversário. No longínquo ano de 1912, a povoação de casas tipo palafita erguida na margem direita de um dos braços do extenso delta do Zambeze, ganhava o estatuto de vila. Hoje, centenária, Chinde não pensa no seu progresso mas em como evitar o seu desaparecimento como vila, como povoado ou mesmo como local habitável. 

Localizada no sul da província da Zambézia, a vila do Chinde, sede do distrito de mesmo nome, teve o seu florescimento, tal como hoje a sua morte, sempre ligada ao portentoso rio.

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sábado, junho 30, 2012

AS ILHAS PRIMEIRAS - (Parte III)

(...conclusão)

A última das Ilhas Primeiras, a Epidendron, dista da ilha Casuarina seis quilómetros; os baixos respectivos estão afastados entre si de dois quilómetros. Antigamente, era conhecida pelo nome de ilha Rasa ou das Palmeiras. O seu nome indígena é Maloa. A configuração desta ilha é sensivelmente triangular, medindo um quilómetro de comprimento e novecentos metros de largura máxima. No centro, um pouco para o extremo este, tem uma pequena colina arenosa de cerca de oito metros de altura. O baixo é também de forma irregular, prolongando-se um pouco para oeste; as suas dimensões regulam por três quilómetros e meio de comprimento e dois de largura. Esta ilha é a mais próxima do continente, do qual dista nove quilómetros (Ponta Macalonga).
Vista do mar, a certa distância, a ilha Epidendron mostra-se revestida de denso arvoredo, de cujo centro emerge a torre do novo farol. Este arvoredo, do tipo laurissilva, tem como espécie dominante Diospyros mespiliformis. As árvores desta espécie são ali mais altas e de tronco mais grosso do que as das outras ilhas deste grupo. Segundo parece, a propagação de Diospyros mespiliformis começou por esta ilha, passando a pouco e pouco às outras, como o indica o porte sucessivamente mais baixo que se verifica nas ilhas Casuarina e do Fogo. Os maiores exemplares desta espécie encontram-se na parte mais elevada da ilha e atingem quinze metros de porte e sessenta centímetros de diâmetro à altura do peito. A densidade do laurissilva é de cerca de duzentas e cinquenta árvores por hectare. Nas partes mais cerradas, a escassez de luz dá-nos a ilusão de uma floresta pluviosa das regiões equatoriais. A manta morta do laurissilva oferece apreciável espessura, mostrando ser o povoamento bastante antigo, certamente plurissecular. O crescimento muito lento das espécies Diospyros reforça a hipótese da elevada idade desse povoamento.
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quinta-feira, maio 17, 2012

AS ILHAS PRIMEIRAS - (Parte II)

(...continuação)

A ilha Coroa dista da ilha do Fogo oito quilómetros, mas a distância entre os baixos é um pouco menor, cerca de seis quilómetros. Esta ilha é de forma elíptica, com cerca de seiscentos metros de comprimento e duzentos de largura. Não possui vegetação alguma e semelha uma duna no meio do mar. João Lisboa designou-a por «cabeça sequa» e o comandante Owen por «Crown Sand». O baixo é de forma arredondada, tendo de diâmetro dois quilómetros, aproximadamente. A altura da duna é de seis a nove metros, segundo De Horsey; julgo, porém, que é um pouco mais elevada, uns doze metros. Não sei a que seja devida a falta de vegetação desta ilha. Embora não desembarcasse, por motivo da grande agitação do mar, penso que a ilha Coroa é susceptível de ser fixada e revestida de vegetação artificialmente - e, por conseguinte, defendida da acção erosiva do vento. A ilha Coroa parece não ter designação entre os indígenas. Contudo, vão lá pescadores indígenas à caça das tartarugas.

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